Mas os tempos mudam e novas possibilidades surgem. Com a internet cada vez mais enraizada em toda a sociedade e, também, essa sociedade cada vez mais organizada em rede, emergiu, no começo desse ano (pelo menos aqui no Brasil, lá fora o movimento já existe há 2 anos), uma nova oportunidade. O financiamento colaborativo (ou se preferir, o termo em inglês é crowdfunding) é, da maneira mais intuitiva possível, o tradicional “passar o chapéu”, mas agora no mundo online. É fazer uma vaquinha, através de uma plataforma na Internet, entre gente que admira seu trabalho (fãs, amigos, familiares, clientes). É, de forma mais ampla, quando várias pessoas contribuem financeiramente, a partir de pequenas quantias, para ajudar a viabilizar um projeto.
Hoje, já são pelo menos 20 plataformas de financiamento colaborativo no Brasil. A primeira delas foi lançada em Janeiro de 2011, o que mostra o quão recente é o mercado. Mundialmente, a grande referência é o site norte-americano Kickstarter que, em pouco mais de 2 anos de funcionamento, já financiou quase 10 mil projetos, com mais de 60 milhões de dólares. A maioria dessas plataformas funcionam de forma semelhante. O proponente envia um projeto e tem que:
a) Explicar qual é o seu projeto;
b) Definir a quantidade de dinheiro que irá possibilitar a realização do seu projeto;
c) Definir um prazo para captá-lo;
d) Espalhar a sua ideia para a sua rede;
e) Recompensar (com mimos como CDs, DVDs, participação na sua peça, uma réplica do seu trabalho artesenal, etc.) a multidão que o apoiou (e as contribuições podem começar com valores bem baixinhos como R$ 5).
Algo que é digno de se tomar nota é o modelo Tudo-ou-Nada que as plataformas abraçaram. Nele, o proponente do projeto só receberá a grana se conseguir captar pelo menos o valor que ele pediu por inteiro. Se conseguiu 60% do que tinha pedido, ele não leva nada e todo dinheiro é devolvido para quem contribuiu com o projeto, ou seja, como o nome diz: é Tudo ou Nada!
E aí você pensa: “Ok, muito legal esse modelo novo, mas isso é pra mim?”
Pensando na realidade brasileira e no que já tem feito sucesso por aqui, os projetos variam de algo entre R$ 1mil e R$ 50mil – quanto mais o modelo se firmar e se disseminar, maiores serão os valores que conseguirão ser levantados. Mas, se, no seu caso, o projeto for bem maior, o financiamento colaborativo pode ser a solução pra financiar parte dele (só a prensagem do CD, só a mixagem do longa metragem, etc.).
E se engana quem pensa que, assim que o projeto for pro ar, virão pessoas dos quatro cantos do País para apoiá-lo. O sucesso da campanha depende imensamente do trabalho do autor do projeto. Quem quer captar dinheiro desta forma, tem que se enxergar como um empreendedor cultural, como alguém que faz as coisas acontecerem, que sabe se comunicar bem, consegue explicar o porquê que o seu projeto precisa acontecer, fazer com que as pessoas tenham um desejo por contribuir para a sua causa.
É um caminho novo, diferente, exige uma nova forma de trabalhar, e te deixa mais livre, mais independente, e talvez seja o melhor caminho pra você tirar seu projeto do papel e circundar ele de pessoas empolgadas em fazerem esse seu sonho acontecer.
Acho que dessa apresentação inicial já dá pra ter um bom entendimento do que é financiamento colaborativo e, principalmente, suscitar várias dúvidas. Nas próximas semanas continuaremos com essas discussões, mas os comentários do post estão abertíssimos para prolongá-la diariamente.
Semana que vem a gente conversa um pouco mais sobre as particularidades de cada plataforma que atuam no Brasil, pra ajudar a vida de quem quer ter seu projeto financiado coletivamente.